Criar histórias de Vampiro: a Máscara é um problema? Você nem sabe por onde começar? Muita informação? Vem comigo que vou te ajudar agora!
Imagem: Autor Desconhecido
Um problema comum entre narradores e narradoras de RPG de Mesa, principalmente iniciantes, é entender o quanto do cenário daquele jogo é necessário considerar na preparação. Afinal, nunca se sabe o que os jogadores vão fazer, para onde vão querer ir ou quais informações suas ações exigirão. Similarmente, em um jogo como Vampiro: a Máscara, isso também acontece. Mas pode ser ainda pior, já que o cenário está em constante mudança, além de sua vastidão.
Neste sentido, eu sempre tive muita dificuldade em criar histórias. Uma coisa acaba puxando a outra e, quando eu vou ver, já considerei tanta coisa que eu nem sei por onde começar. Neste texto, vou compartilhar 3 simples perguntas que uso como guia para preparar uma história. Aqui, o foco é Mundo das Trevas, cenário de Vampiro: a Máscara, mas você poderá usá-las em outros sistemas, adaptando os elementos mais específicos.
Quem são os vampiros?
O Mundo das Trevas é um cenário muito complexo. Todas as edições de Vampiro são baseadas na época em que são lançadas, considerando acontecimentos históricos e reais da humanidade. Portanto, é um cenário em contínua transformação. Também é cheio de mitologias e intrigas entre gerações e clãs. No entanto, o importante é perceber que você não precisa saber de tudo para começar a sua crônica.
Assim, a dica aqui é definir quais clãs e intrigas as personagens de seus jogadores terão contato. Neste jogo é totalmente possível que todas as personagens pertençam a um mesmo clã, por exemplo. A partir disso, você pode escolher mais 2 ou 3 clãs que terão contato direto com as personagens dos jogadores. Então, de 13 clãs para conhecer, você pode focar em apenas 3 ou 4. Claro que é sempre bom você ter uma ideia básica do cenário em geral, inclusive das características principais dos clãs. Assim, fica mais fácil saber quais escolher para fazer parte da sua crônica. Neste sentido, o primordial é entender que você não precisa saber dos detalhes de todos os clãs. Você pode focar em apenas alguns deles.
Portanto, selecione um clã ou dois para contemplar os jogadores das personagens. Escolha mais dois ou três para interagirem com eles, ou seja, que estarão presentes naquele cenário. Lembre-se que as edições de Vampiro: a Máscara consideram todas as mudanças que ocorreram entre os vampiros no decorrer dos milênios, relacionando os clãs e a quais seitas eles declaram pertencer. Todavia, eles não relatam o que acontece em cada pedacinho do mundo que está vivo na sua mesa.
Onde estão seus vampiros?
O próximo aspecto a ser considerado – não necessariamente nesta ordem – é o local onde sua história será contada. Quanto menor o território de ação das personagens, menor é o território que você precisa preparar para sua crônica. Pensando nisso, determine uma região mínima necessária para a história acontecer: a cidade em que eles agirão ou o estado (caso isso seja relevante para a história), e analise os arredores. Como em Vampiro o cenário é baseado em nosso mundo real, basta escolher uma cidade. Caso você sinta a necessidade de expandir um pouco mais o território para seus jogadores, você também pode escolher algumas outras cidades ao redor.
Neste ponto, você pode explorar lendas urbanas, mitos e tradições regionais, além de poder ter o apoio de suplementos do próprio Vampiro: a Máscara focados em algumas cidades específicas. Mesmo assim, se não houver um suplemento oficial da cidade que você pretende usar – e aconselho escolher algo familiar como prioridade –, não se sinta obrigado (a) a ser fiel a todos os contextos que o jogo apresenta. Lembre-se: suplementos não são capazes de prever a história que será contada na sua mesa. Todos os desdobramentos que as ações das personagens de seus jogadores trarão para o cenário são únicos.
Quando estão esses vampiros?
A história de Vampiro: a Máscara se cruza com a história da humanidade desde Adão e Eva. Na verdade, até antes, pois cita Lilith que, na mitologia judaica, foi a primeira mulher de Adão, antes de Eva. Portanto, sua crônica pode acontecer em milênios de história e em todo o globo terrestre. Realmente são muitas opções e muitas opções costumam nos deixar travados. Por outro lado, acho que você já entendeu qual o critério que uso para estes 3 aspectos da história. O detalhe aqui é considerar que a história é dinâmica. Acontecimentos passados têm influência no que está acontecendo hoje.
Entretanto, não se desespere! Sua história pode começar simples. Talvez em uma cidadezinha pacata no interior de São Paulo que não teve tanta importância histórica em geral. Mas quem sabe esta cidade foi palco de uma grande batalha entre seitas ou clãs de Vampiro há muitos anos? Certamente, esse acontecimento já pode ser o suficiente para desenvolver sua crônica.
As história pessoais
Do mesmo modo, é importante deixar que as histórias pessoais das personagens dos jogadores completem a história geral. Talvez a família de uma delas tenha sido importante para a libertação de escravos na região. Eventualmente, você poderá usar isso para criar uma intriga com um grande fazendeiro, por exemplo. Pode ser que este fazendeiro queira vingança. Pode ser que agora, como vampira, a personagem saiba que poderá enfrentá-lo com sucesso e, enfim, fazer justiça por tantas vidas perdidas com tanta brutalidade, honrando o compromisso de seus pais. Por outro lado, este fazendeiro pode ser um vampiro que matou a família da personagem por vingança e a Abraçou. Agora, ela busca uma forma de matar seu Senhor, o que é até comum entre os Membros. Definitivamente, estes fatos já geram histórias bem úteis para alimentar sua crônica.
Conclusão
Por fim, espero ter ajudado a tirar um pouco de neura da sua cabeça, assim como seguir esse processo fez aliviar as minhas. Em casos de crise, pare, respire e faça estas três perguntinhas básicas. A partir daí, considere os elementos principais da sua história e construa os desafios e cenas que as personagens de seus jogadores enfrentarão.
Em conclusão, não entenda este conteúdo como apologia a pouco estudo ou preparação. Até porque, o mestre preguiçoso é diferente de um mestre que entende o processo adequado e otimizado de uma preparação. Meu objetivo aqui é te mostrar que uma crônica, aventura, ou seja lá o nome que seu jogo dá para o que você está construindo, não precisa ser monstruosa. O necessário é entender o que é importante para sua história e para a história das personagens de seus jogadores. Saber o que você não precisa saber é essencial.
No mais, divirta-se! Narrar também é jogar. Por isso, como mestre, você também deve se divertir na preparação!
Curto muito esse universo de Vampiro, mas a criação de uma crônica é sempre complicado... Agora deu pra ter uma noção de por onde começar